Eles sentiam uma sede profunda e velha, uma sede dessas que não se sacia, e estando ali, no rio, sentindo as pequenas ondas tocarem seu corpo como quem come de pouco em pouco sua matéria descobrindo camada por camada sua estrutura era essa sede também cada vez mais descoberta e ampliada. sabiam no entanto que saciá-la significaria seu desaparecimento completo. mas ali permaneciam, entre o desejo e o desaparecimento, em uma espera lenta e quase vazia visto que se dava entre um segundo e outro, nesse não tempo que existe entre o salto do ponteiro dos relógios humanos. Sentiam a proximidade do rompimento e da fragmentação pela vibração cada vez maior, não era bom nem ruim, apenas inevitável. O que se poderia conformar como uma explosão ou um lento desfacelamento, agência e influência de um corpo sobre o outro, se tornava então o próprio corpo de ambos. No instante do rompimento se destacava a vida, pela conjunção. Ali devinham mutuamente, barro e água, imobilidade e fluidez.

sede

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