O vídeo parte de uma poesia de mesmo nome e também do ato de catar feijões na presença de uma pedra.

A vivência de uma temporalidade prolongada se dá na presença das múltiplas temporalidades presentes: a do meu corpo, a dos grãos de feijão, a da pedra e a da ação em si. Essas, por sua vez coexistem dentro de uma outra temporalidade prolongada: a do momento atual.

A experiência entrelaça passado, presente e futuro transformando-se em duração. Nos entrelaçamos também os feijões, as pedras, as estrelas, cruzando não só nosso passado ancestral e genético comum, mas também um futuro compartilhado. Nos tornamos presença, passagem, vibrações, efeitos de ressonância, tonalidades de diferentes frequências, pluralidade de ritmos de duração, superpondo-nos em profundidade.

DURA além da duração diz da dureza das coisas, das suas permeabilidades, porosidades e dos modos de expansão de existências ao tornar-se outro, ao transmutar-se no sistema metamórfico e híbrido que gere o cosmos.

Dura

Quanto dura a fissura
Quanto dura o veio
Quanto dura a lasca
Quanto dura a pedra
Quanto dura o corpo
Quanto dura o risco
Quanto dura a letra
Quanto dura a palavra
Quanto dura o texto
Quanto dura o testemunho
Quanto dura a lembrança
Quanto dura a voz
Quanto dura o grito
Quanto dura o eco
Quanto dura o osso
Quanto dura o pó
Quanto dura o gesto
Quanto dura o passo
Quanto dura o trajeto
Quanto dura a queda
Quanto dura o território
Quanto dura a terra
Quanto dura o estilhaço
Quanto dura o golpe
Quanto dura a revolução
Quanto dura a invasão
Quanto dura a memória
Quanto dura a paisagem
Quanto dura o monumento
Quanto dura a montanha
Quanto dura a fronteira
Quanto dura o museu
Quanto dura o tempo
Quanto duração

dura

vídeo

8'43''. dimensão variável. 2020