Enquanto penso nos milhares de rastros que foram
borrados, aqueles que carregam memórias e são amantes das estrelas, sopra aos meus ouvidos - me lembrando que o processo de escavar, como o idioma pedra, é doloroso e por vezes violento, imprevisível.

“’Isto é inimaginável.’ Foi o que eu disse, claro, como todo mundo. Mas, se devo continuar a escrever, ajustar o foco, fotografar, montar minhas imagens e pensar isso tudo, é precisamente para tornar uma frase desse tipo incompleta. Cumpriria dizer: ‘Isto é imaginável, logo devo imaginá-lo antes de tudo.’” *

Imaginação é também uma forma, bastante
eficaz, de resistência. É talvez, a melhor maneira
de se resistir à barbárie.
Desce, tira os sapatos, coloque o nariz aos rés do chão, tateie o pó, deixe que ele pouse nas linhas de vida e de morte da sua pele, seja depositório de outro corpo. Sua pele já não é a mesma, entre os dentes você sente grãos de areia.







‘Descer a terra’ constitui-se na verdade em um convite a estarmos diante do mundo vivido, a partir da concepção dele como ‘mundo percebido’. Englobar o outro, conter e estar contido, constituem-se nas formas de expressar como a realidade se constrói pela interrelação das existências individuais em direção a existência intersubjetiva.
*Didi-Huberman, G., Cascas, 2017.
bárbara schall
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constelação I - o abismo
fotografias realizadas na rota do diamante, minas gerais, brasil

impressão mineral em papel de algodão. tamanhos variáveis. 2019
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